Montreal é uma cidade culturalmente efervescente. É uma referência quando o assunto é musica, dança ou arte contemporânea. Os inesgotáveis festivais, e as varias salas de show, cinemas e galerias de arte não me deixam mentir. Ha opções para todos os gostos, e felizmente sobram alternativas pra quem tem bom gosto. Nos cinemas, os lançamentos de Hollywood se misturam a filmes antigos do diretor americano John Cassavetes ou do francês Chris Marker. Documentários undergrounds do tipo Know your mushrooms! precedem o ultimo filme de Juliette Binoche, e por ai vai... Pra quem gosta de musica, a cidade é um prato cheio. Depeche Mode, Cold Play, Dave Brubeck e Ben Harper são alguns (poucos) nomes que estiveram nos palcos da cidade este verão. Sem falar nos ótimos músicos e bandas locais como a Broken Social Scene, o Patrick Watson, e a bonitinha da Feist que sempre dão uma calorosa canja pra gente.
O meio de transporte oficial de Montreal é a bicicleta. Com ela se chega par tout. Até no metrô é permitido carregar a duas-rodas. Quem não tem a sua pode alugar uma Bixi, bicicletas espalhadas pela cidade, que por cerca de dez dólares, ajudam a percorrer boas distancias. Montreal é quase toda plana o que facilita a locomoção de bike. E os adeptos são muitos. Tantos que organizados lotam ruas e parques, como no recém tour noturno de Montreal, evento bem curioso que comprova a adoração desse povo por este meio de transporte ecologicamente correto. A temporada das pedaladas vai até final de outubro, ou começo de novembro pros mais sagazes.
Em Montreal, como nas grandes capitais do mundo, come-se muito bem e de tudo. Cozinhas japonesa, polonesa, tailandesa, mongol, africana, mediterrânea, árabe ou de qualquer outra nacionalidade que vier à cabeça são fáceis de encontrar por aqui. Mas o que mais chama a atenção na cidade são seus simpáticos cafés. Neles rola o casamento perfeito entre o charme francês e a descontração montrealense em lugares com perfume e cara de casinha da vovó. Embora não ofereçam menus maravilhosos, os cafés esbanjam simpatia e muitas vezes alimentam a gente de boa musica ao vivo. Com quintais cheios de plantas, sofás velhos, espelhos e molduras rococós, potes de açúcar e croissants, cafés como o Blanc de Blanc, na Jeanne-Mance com Villeneuve, dão o tom à cidade. Este é tão descontraído que tem até maquinas de lavar roupa dentro! Quanto mais clima de casinha, melhor...
Pra quem ainda não se convenceu, ai vai uma razão irresistível para amar esta cidade. Montreal é cheia de surpresas, que reserva aos passantes mais atentos. Com tanta gente pensando em coisas legais, é fácil você cruzar iniciativas culturais inusitadas pelo caminho. Uma tarde no Parc Mont Royal rapazes fantasiados seguiam em direção ao coreto. La uma série de mascaras artesanais estavam sendo distribuídas às pessoas, e muitos jovens com fantasias engraçadas circulavam pelo local. Mais ao longe, meninas ensinavam a produzir mascaras com materiais coloridos. O esquema era escolher uma pronta, e deixar a que você fez de presente para o próximo passante. A tal mascarade foi organizada pelos estudantes de arte da Concórdia e terminou com um desfile pelo parque....uma delicia!
Outro dia, no caminho para um almoço perto de casa, um grupo de músicos também fantasiados fizeram uma performance interessante num beco próximo. Era carnaval no Brasil, e imaginei que se tratava de uma manifestação canadense em homenagem ao Rei Momo. Pra terminar, numa das ruelas do Mile End, região do Plateau onde moro, encontrei uma vez uma caixa cheia de livros abandonados... Voltei pra casa com cinco títulos de filósofos alemães debaixo do braço... É ou não é especial esta cidade?
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