sábado, 6 de agosto de 2011

Montréall em agosto: auge do verão, balada e diversão




Viajo tanto, vejo tanta coisa pelo mundo afora, que acabo me esquecendo de falar do meu próprio quintal – que não é qualquer quintal, diga-se. Divido meu tempo entre São Paulo e Montreal - essa segunda, uma cidade absolutamente apaixonante durante os meses de verão e outono. Quando conto para pessoas que moro em Montreal, a primeira coisa que perguntam é como eu aguento o inverno. Acho que poucos se dão conta de que o frio intenso dura quatro ou cinco meses apenas. No resto do ano, Montreal tem um clima super agradável e muito sol.




O mais divertido é que quando a neve derrete e as flores voltam a brotar, as pessoas já estão para enlouquecer, num fenômeno chamado cabin fever (espécie de febre figurativa de tanto ficar dentro de casa). Resultado: assim que o clima permite, em maio, passam seus dias e suas noites nas ruas e nos parques. Por isso a cidade tem um vibe único e os turistas sentem a vida pulsando a cada esquina e em cada praça.



Não estou exagerando: nunca vi uma cidade com tantos barzinhos e cafés com mesa na calçada (nem mesmo Paris), ou tantas ciclovias. Nos meses quentes, muita gente prefere ir ao trabalho ou à faculdade de bicicleta, também para aproveitar o sol e o ar fresco (pega até mal insistir em se locomover de carro). A partir de maio, proteções de inverno vão para armazéns nos porões, portas-balcão se abrem e as mil e uma terrasses são reabertas: todo restaurante tem a sua. Nos fins de semana, os locais lotam os lindos parques da cidade, estendendo panos na grama para seu piquenique ou percorrendo os muitos quilômetros de trilha a pé ou em patins in-line.



O mais bonito dos parques é também o que dá nome à cidade: Parc Mont Royal. Montreal se chama assim porque tem, de fato, um monte, ou um cocoruto no meio da ilha, com uma cruz no cume. Esse monte é habitado – até um certo ponto. Ali ficam as mansões mais lindas. E lá no alto está o parque, com mil e uma trilhas para caminhada, uma lagoa frequentada por castores (aqueles bichos dentuços de rabo rugoso típicos do Canadá) e um mirante. Na parte do parque que bordeia a Avenue do Parc rola, aos domingos, o chamado Tam Tam Jam. Uma galera jovem e desencanada vai chegando, com tambores, pandeiros e outros instrumentos, e lá pelo meio-dia começam a fazer uma batucada improvisada, que vai mudando de ritmo e intensidade e tem um efeito quase hipnótico. Os menos musicais dançam ao redor.




Outro pedaço da cidade que desabrocha com a chegada do calor é Vieux Montréal, o centenário bairro de ruelas estreitas às margens do Rio São Lourenço. Antes armazéns, seus antiquíssimos sobrados de pedra hoje são ocupados por galerias de arte, charmosos restaurantes e lojas de souvenirs divertidas onde se encontram chapéus de pele ou mocassins de esquimó.





Seguindo a pé,pela rua de La Comune, que bordeia o parque, se chega ao Marché Bonsecours, com seu belo domo prateado e arquitetura neoclássica, que abriga lojinhas de roupas e artesanato. Um charme!




De Vieux Montréal você pode cruzar uma ponte de bike ou ônibus e ir conhecer a ilha de Notre-Dame, onde fica o cassino (mais de 3 mil caça níqueis, pôquer, blackjack, shows, quatro restaurantes), o circuito de Fórmula 1 e uma prainha artificial muito simpática. Sim, você leu direito: praia artificial, com direito a areia fofa e um laguinho limpo para nadar.



Há ainda um Jardim Botânico no extremo leste da ilha, onde ao cair da tarde acendem mil e uma lanternas de papel colorido no pavilhão chinês, um verdadeiro espetáculo. No verão, Montreal não pára: batucada, piquenique e trilhas de bike de dia, e festivais sem fim à noite.

A ferveção atinge o nível máximo durante o Festival de Jazz, que acontece em julho. São mais de 500 shows, incluindo muitos gratuitos e ao ar-livre, indo de afrobeat a música árabe. Tudo isso num calor de 25 graus, temperatura média em julho. Vejam só essa vídeo-reportagem que fiz sobre o festival e onde comer ali perto:




Se você pensava que era só um presepiozinho gelado e civilizado, passe um dia de verão curtindo o burburinho na rua Crescent e depois me diga: essa é ou não é a cidade mais fervida da América do Norte?

sexta-feira, 4 de março de 2011

Restaurante do chef Akbar

A fachada é feia, mas a comida é boa


A maioria dos bons restaurantes de Montreal concentram-se na parte mais central da cidade. São poucos os lugares que valem uma viagem até os bairros mais afastados da ilha. O Chef Akbar é um deles.

O Restaurant du Chef Akbar, é o típico lugarzinho, aquele restaurante pequenininho e escondindo que pouca gente conhece, quem não conhece não entra e a gente adora indicar para os outros. Não é para menos: apesar da localização num strip mall feinho, uma fachada com letreiros em neon e uma decoração quase inexistente, a cozinha é surpreendente.

O lugar é basicamente comandado por um time de duas pessoas: o chef - que trabalhou na Índia no Moti Mahal, o restaurante onde o butter chicken e o tandoori chicken foram inventados - cuidando da preparação dos pratos, e sua esposa atendendo as oito mesas do lugar e explicando não só os pratos, mas também a rigorosa filosofia do chef: somente ingredientes sem conservantes são usados na preparação dos pratos. Assim que os pratos chegam à mesa isso fica claro: esta é não só provavelmente a melhor "cozinha de produto" nesta (baixíssima) faixa de preço mas uma das melhores da cidade. O menu é variado e vai muito além do que normalmente é oferecido em restaurantes indianos. Vale a pena experimentar as especialidades do chef, principalmente as de frango.

Especial do jantar de segunda à quarta-feira: butter chicken, grão-de-bico massala, arroz basmati, nan e salada

Apesar de não serem restauranteurs experientes, o casal Ali é claramente apaixonado pelo que faz e a qualidade dos ingredientes e cuidado no preparo dos pratos tem atraído cada vez mais pessoas. Eles me explicaram que o número de clientes aumentou muito desde a publicação de duas críticas positivas no Montreal Gazette no final do ano (eles haviam fechado o restaurante durante o feriado e quando voltaram encontraram a secretária eletrônica cheia de mensagens) e da última vez em que os visitei, dois ajudantes haviam sido contratados e o lugar estava ainda mais movimentado. Nada mal para um lugarzinho.

Restaurant du Chef Akbar: 15742, Boul. Pierrefonds, tel. (514) 696-3333


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segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

No final de janeiro: Ski Fest em Mont Tremblant


Foto: divulgação

Após umas férias em partes mais quentes do planeta, cá estou de volta à fria Montreal. Neste inverno rigoroso do Polo Norte, a melhor opção para passar o tempo é paticar esportes de inverno.

Eu lembro bem da primeira vez que viajei para Montreal, num inverno particularmente frio e nevado: as ruas estavam vazias e eu me perguntava onde estavam as pessoas. A resposta veio quando fui para Mont Tremblant: a cidade/resort fica a duas horas de distância de Montreal e possui não só algumas das melhores pistas de ski da região como também uma série de outras atividades interessantes (e um monte de gente bonita!). O inverno é sem sombra de dúvidas a melhor época do ano pra conhecer essa região e este ano, de 23 a 27 de janeiro, acontece o primeiro Ski Fest, um evento que reúne não só uma competição de ski amadora num circuito "seguro, mas cheio de surpresas", segundo a organização, mas também um desfile de roupas de inverno, torneio de futebol americano na neve (!), escalada e um bar de gelo (um bar feito de gelo, não um bar que serve gelo!).

O calendário completo está no site oficial do evento.

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