sábado, 12 de dezembro de 2009
Resorts de ski no Québec: Mont Tremblant, Sutton e Mont Orford
Por Beatriz Tasso Fragoso, colaboração especial
Para quem vem de fora, esqui no Canadá costuma ser sinônimo de Whistler, a conhecidíssima montanha em British Columbia, na costa Oeste. Mesmo se a excelente fama desse mega-resort é merecida, ele está longe de ser o único ótimo lugar para esquiar no Canadá. Só na província do Québec, por exemplo, há um total de 80 montanhas de esqui, entre elas algumas grandes e boas o suficiente para atrair visitantes do mundo todo. Muitas delas ficam perto de Montréal, o que facilita combinar uma viagem de esqui com alguns dias de compras e divertimentos urbanos (a cidade é gelada porem lindíssima no inverno).
Verdade seja dita: no Quebec faz mais frio do que em British Columbia, e neva menos (cerca de 3 metros a cada inverno). Em janeiro, o mês mais frio do ano, faz uma média de -5 C de dia, e –14C à noite. Por isso as condições climáticas nem sempre são ideais para o esqui. A neve às vezes congela e endurece, ao passo que em British Columbia, como neva muito nas regiões mais altas, as pistas tendem a permanecer fofas.
Em contrapartida, as montanhas do Quebec têm charme e gastronomia inegualáveis. A maioria dos habitantes fala francês (embora se vire bem em inglês) e a influência européia está presente em toda parte, principalmente no quesito boa mesa. Nos melhores resorts de esqui, como Mont Tremblant, Mont Sutton e Mont Orford, um bom dia de esqui costuma ser seguido de um chocolate quente com pâtisseries ou queijos artesanais, e mais tarde, um jantar à francesa.
De longe o maior e mais conhecido resort do Québec, Mont Tremblant (na foto abaixo) sempre é eleito o melhor não só da província, mas de toda a costa leste norte-americana – na edição especial da revista Ski, bíblia dos entendidos.
A explicação é simples: a montanha é maior do que as concorrentes (esquia-se em suas quatro faces), as pistas, mais numerosas e longas, e o village, um dos mais charmosos da América do Norte. Não dá para chamá-lo de vilarejo: o village está longe de ser uma autêntica cidadezinha de interior, com gente morando, escola ou supermercado. Foi construído sob medida pela corporação Intrawest (a mesma que está por trás de Whistler, em British Columbia, e Copper Mountain no Colorado), e os restaurantes, cafés e lojas seguem um mesmo adorável padrão arquitetônico à européia. Ali tem tanta coisa para visitar – de joalherias a casas noturnas – que mesmo quem não esquia tem dias (e noites) de passatempo garantidos.
Tem gente que torce o nariz e diz que o village em Tremblant parece fake, quase uma Disney nevada. Mas a imensa maioria adora as ruas sem carros, forradas de neve, que lembram um cenário de conto infantil, tudo combinando e no lugar, luzinhas de natal enfeitando as fachadas multi-coloridas. Os melhores hotéis e uma infinidade de butiques, confeitarias e cafés ficam nesse village no pé da montanha, então quem não quer não precisa usar o carro. A não ser para ir jantar num dos charmosos restaurantes de St.Jovite, esse, sim, um vilarejo de verdade, habitado, que fica a cinco minutos do resort.
Se os jantares à francesa são um dos muitos atrativos de Tremblant, para quem freqüenta os resorts Mont Orford e Mont Sutton a boa mesa é quase mais importante do que o esqui em si. Ambos ficam numa região logo ao sul de Montreal chamada Cantons de l’Est que faz fronteira com o Vermont, famosa por seus produtos gourmets, como queijos, xarope de maple, tortas de nozes e foie gras. Seus vales e colinas proporcionam vistas inesquecíveis, e abrigam dezenas de fazendinhas que produzem o “ouro” local: patos e porcos gordos e saborosos, patês e foie gras, abóboras reluzentes, queijos, cidras e até vinhos surpreendentemente bons. Tudo isso aparece nos menus dos restaurantes da região.
O que Tremblant tem de mega, com seu village perfeitinho e dezenas de hotéis, Mont Sutton e Mont Orford têm de intimistas. Sutton, especialmente, é uma montanha acolhedora, tranqüila, onde filas são raridade.
Suas pistas propositalmente estreitas, bordeadas de árvores, cruzam-se num zigue-zague sem fim, paraíso para os aficionados do chamado glade skiing, ou esqui na floresta.
E lá no alto da montanha tem uma lareira deliciosa, onde dá pra ficar relaxando e se reaquecendo entre as descidas:
Assim como a montanha Sutton, a cidadezinha homônima tem um charme de antigamente, e uma rua principal cortada por um riacho e pontilhada de lojinhas e excelentes bistrôs, como o Le Mocador.
Magog, onde fica Mont Orford, é praticamente uma megalópole em comparação a Sutton. Três supermercados e um cinema (filmes dublados em francês!) atendem a população de 23.000. Seu centrinho, que bordeia o lago Memphrémagog, atrai turistas o ano todo, que se hospedam nos vários casarões antigos transformados em Bed and Breakfasts. Orford fica a cinco minutos da rua principal, dentro de um majestuoso parque estadual. O esqui em si não perde para nenhum outro no Québec, exceto Mont Tremblant: são 54 pistas, a maioria delas acessíveis pelo novo lift híbrido de alta velocidade, que alterna cadeiras para oito pessoas e gondolas fechadas, ótimas para friorentos. E se Orford perde em tamanho, ganha de Tremblant no quesito gastronomia: come-se muito bem em Magog e arredores. Mont Orford, em suma, tem o melhor de dois mundos: pistonas desafiadoras como as de Tremblant, e o mesmo sossego campestre da vizinha Sutton.
Mont Sutton
Mont Sutton: 53 pistas, vertical drop de 460 metros (rue Maple, s/no, tel. (450) 538-2339,
Auberge le St-Amour: 1, rue Pleasant, tel. (450) 538-6188
O chef-proprietário francês Pierre Tétrault, serve cafés-da-manhã elaboradíssimos, compostos de queijos artesanais, ovos com cogumelos selvagens e croissants assados na hora.
Auberge West Brome: 128, route 139, tel. (450) 266-7552
Quase todos os quartos desse charmoso hotel de campo têm vista para pastos e florestas, além de kitinetes. Sobra espaço nos apartamentos deluxe e suítes, equipados com lareira, frigobar, cafeteira e robes fofos. O restaurante é otimo. Cc : Todos
Le Mocador Bistro: 17, rue Principale Nord, tel. (450) 538-2426. O jovem chef Christian Beaulieu, de Montréal, prepara clássicos como salada com queijo de cabra e steak tartare, enquanto sua mulher Claude atende no simpático salão desse bistrô bem no centrinho de Sutton
Mont Orford
Mont Orford: 54 pistas, vertical drop de 540 metros, 4380, Chemin du Parc, Tel. (819) 843-6548
L’Ancestrale: 200 rue Abbott, tel. (819) 847-5555 (na foto abaixo)
Nesse bed and breakfast, instalado num casarão neo-gótico histórico no centro de Magog, o café-da-manhã inclui uma sucessão de delícias naturebas (Monique Poirier, a simpática proprietária, é vegetariana).
Hôtel Chéribourg: 2603, chemin du Parc, tel. (819) 843-3308
O lodge principal e os vários chalés espalhados pela grande propriedade, com sua decoração utilitária e largos corredores, têm um quê de hotelão de férias. Famílias distraem as crianças na área de lazer, que inclui piscina, e um ginásio que faz as vezes de salão de jogos. No spa oferecem uma infinidade de tratamentos.
Lady of the Lake:125 chemin de la Plage des Cantons, tel.. (819) 868-2004
Extenso menu serve de paella a prato de queijos locais em agradável ambiente decorado à mediterrânea, à beira de um lago.
Manoir Hovey: 575 chemin Hovey, tel. (819) 842-2421
Para gourmands dispostos a esbanjar, fica a 15 minutos de Magog, a beira de um lindo lago. E um dos restaurantes mais elegantes e romanticos do Quebec, premiado pela impressionante adega e pela qualidade de sua cozinha, focada em ingredients da região, como pato, cogumelos selvagens e molhos a base de cidras e vinhos locais.
Restaurant L'Expresso: 1691 chemin Rivière Aux Cerises, tel. (819) 843-7320
Bistrô italiano que serve ótimos escalopes de vitela e ossobuco.
Mont Tremblant
Mont Tremblant: 94 pistas, vertical drop de 645 metros. 1000, chemin des Voyageurs, tel. (514) 876-7273
Fairmont Tremblant : 3045 chemin de la Chapelle, tel. (819) 681-7000
Considerado o hotel mais chique do resort, foi construido em 1997 para parecer um castelo francês. Colado à montanha, o skilift fica a passos do lobby (na foto abaixo).
Le Westin Resort & Spa : 100 Chemin Kandahar, tel. (819) 681-8000 (na foto abaixo)
Apartamentos decorados à francesa têm lareira a gás, e em sua maioria, kitinetes, terracos e vista para a piscina aquecida e a jacuzzi externa. O restaurante do lobby é japonês.
Aux Truffes: 3035, chemin de la Chapelle, tel. (819) 681-4544
Eis o endereço onde experimentar pratos típicos do Quebec, como magret de pato, medalhões de vitela, foie gras sauté e queijos artesanais feitos de leite cru.
Le Cheval de Jade: 688 rue de Saint-Jovite, tel. (819) 425-5233
O chef-proprietário é outro de tantos emigrantes franceses. Nascido em Montpelier, reproduz em seu charmoso restaurante campestre a bouillabaisse de sua terra natal, além de vários outros pratos de peixes e frutos do mar, enquanto sua mulher Dominique atende os clientes.
O clima no Le P’tit Caribou (1000, chemin des Voyageurs, tel. (819) 681-4500) é de balada. Já no N’Ice Club (3045, chemin de la Chapelle) a idéia é tomar um drinque num bar feito inteiro de gelo, das paredes às taças.
Spa Nature Le Scandinave : 4280, montée Ryan, Tel.: (819) 425-5524
Mais do que um spa, esse deslumbrante centro de massagens e termas permite nadar ao ar livre em pleno inverno, gracas a hidros, piscinas e passarelas aquecidas.
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
Novo Le Petit Hôtel em Vieux Montreal: desconto na diária e muito charme
Por Beatriz Tasso Fragoso, colaboração especial
Visitamos um hotelzinho novo em Old Montreal, o bairro histórico da cidade. O Le Petit Hôtel é o último de uma série de hoteis descolados - a mesma família grega é dona também do Place d’Armes, do Nelligan e do Auberge du Vieux Port, todos ali pertinho e ótimos.
Este novo tem um ar jovem. A recepção se mistura ao café, onde vendem croissants tamanho família simplesmente perfeitos.
O lobby é miúdo, estreito e escurinho. Não exatamente luxuoso, mas um charme.
Os quartos vêm em quatro tamanhos, literalmente, S, M, L e XL! Gostei da sacada.
Esse é um medium:
Depois fui ver esse extra-large, que achei lindo e arejado e enorme.
A diária do XL custa 188 dólares canadenses até dia 13 de fevereiro (véspera do Valentines’ Day).
Le Petit Hôtel: 168, rue Saint-Paul Ouest, tel. 00 xx 1 514-940-0360
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
Marché 27: ótimo para um almoço perto do Boulevard Saint Laurent
Por Beatriz Tasso Fragoso, colaboração especial
Montréal é uma cidade cool. Pequena, não muito rica, com uma super cena musical que produz mais bandas indie de sucesso que todos os Estados Unidos tirando Nova York. Cidade roqueira, onde a balada pega forte, a galera se joga até o dia seguinte, as after-hours fervem, as ruas têm movimento até altas horas (especialmente nos meses quentes). O centro, por onde circulam executivos e turistas, é bem menos cool, mas em bairros como McGill ghetto e Plateau o que se vê, pra estereotipar um pouco, é um povo muito descolado. Sabe aquele look jeans skinny, tênis, jaqueta bem seca, colada ao corpo, tudo preto ou cinza e cabelo calculadamente desarrumado? Aqui faz um sucesso danado. Andando na rua, às vezes penso que poderia estar no Village ou no Lower East Side de Nova York.
O Marché 27 é a mais perfeita tradução desse vibe.
Fica a alguns passos do Boulevard Saint Laurent, apelidado de La Main, que é uma longa avenida cheia de restaurantes, bares e lojas.
O Marché 27 sintetiza Montréal em cada detalhe. A comida é bacana, mesmo se não extraordinária. Comi um tartare de salmão bastante bom, com uns crips grandes e fininhos.
E um tiramisu atípico, gigante e espumoso, também muito gostoso.
Mas o lance aqui é que o design tem muita personalidade, e os frequentadores, idem. Só gente jovem, bonita, descolada.
E um filminho no You Tube daquele pedaço de Montreal: